‘X-Twitter’: até o que é consolidado no mercado precisa se reinventar
Acompanhamos um momento relevante para a internet: o bloqueio do X, antigo Twitter. Inevitavelmente, há o questionamento: e o que vem depois? Como o mercado e a internet vão se comportar após isso?
Twitter como uma das lideranças no mercado
O Twitter, atual X, liderou um dos maiores acessos de redes sociais por muitos anos e chegou a ser avaliado em US$ 24,7 bilhões assim que inaugurou a bolsa de valores, em 2013. A rede tornou-se um novo ambiente de monetização para marcas e criadores de conteúdo por sua capacidade de conexão com o público em tempo real e excelente engajamento.
A empresa é de fato bem consolidada no mercado, chegando a ter 38 escritórios em 23 países. Após o bloqueio da rede pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, observamos o caminho inverso: perda de contratos e parcerias, abrindo espaço para outros concorrentes, como o Bluesky (desenvolvido pelo antigo dono do Twitter) e o Threads, da empresa Meta.
Este cenário é uma consequência da brusca mudança da gestão e cultura da empresa, antecedido por demissões em massa, interrupção do acesso gratuito às APIs e reduções de custo que impactaram na infraestrutura da plataforma. Em relação à experiência do usuário, as mudanças também influenciaram de forma negativa no momento em que a empresa adotou limites de leitura em posts, verificação paga, excesso de anúncios, bots e uma moderação menos ágil e eficiente.
O que esperar do cenário pós-bloqueio?
O Threads, que até então era o principal concorrente do X, se beneficiou do cenário tanto pela já existente insatisfação de usuários, como pelo bloqueio da rede. No entanto, ainda não corresponde 100% às expectativas à maioria dos ex-usuários do X. A rede é integrada com o Instagram e um dos seus focos também é a monetização e centralização. Já o Bluesky trabalha através de descentralização de conversas públicas por meio de um código aberto, ainda não possui monetização, embora tenha planos para isso. Em termos de usabilidade, os usuários afirmam que a “rede da borboleta” se assemelha mais com o antigo Twitter e há maior engajamento e melhor adequação do algoritmo, alguns dos motivos que fez bater recorde de novas contas em pouquíssimos dias.
Há perspectivas de mudanças e melhorias em ambas as redes concorrentes do X. Sabendo disso, qual seria o impacto que o bloqueio no X teria nos negócios e no mercado publicitário?
Algumas empresas como a Nubank, Duolingo e Netflix mantinham um constante contato com o público pela rede social, além de um crescente investimento de grandes marcas em criadores de conteúdo heavy users do X nos últimos anos. Com o bloqueio, as empresas precisam rever e ajustar estratégias, implicando em uma readequação de comunicação e ajuste de abordagem.
Enfraquecimento da imagem
Por outro lado, o fato do X ser o principal negócio de muitos produtores, não é razão suficiente para afetar negativamente o mercado uma vez que a rede também já vinha recebendo menos investimentos financeiros desde que Elon Musk assumiu o comando da companhia no fim de 2022 e já gerava descontentamento entre muitos usuários. Aos poucos, o enfraquecimento da rede deixou de ser apenas por motivos éticos, mas passou a ser também por motivos técnicos e de infraestrutura.
Por mais consolidado que o Twitter tenha sido durante muitos anos, toda empresa passa por momentos em que precisa adotar novas posturas não só em relação a diversos aspectos internos, mas também ao relacionamento com o seu público e com o mercado. Caso contrário, a gestão e a cultura de um negócio que não levam em consideração o que o público fala, ou seja, a visão e experiência do cliente, e não se (re)organiza internamente, pode levá-lo a se tornar um negócio insustentável e prejudicando a sua imagem, abrindo espaço para quem realmente está disposto a atender e escutar as expectativas dos usuários.